quinta-feira, 4 de julho de 2013

Saudade do Cativeiro

Ao sol escaldante do deserto, Com Moisés por guia, saudades da segurança na servidão apoquentavam os Hebreus. Um só Deus, que loucura! Um Deus sem nome, onde já se viu?... A fé vacilava, vencida pela saudade do cativeiro. A dimensão espiritual da vida contra a comodidade prática da vida material. Já então, e ainda hoje.
1.7.2013
Guardando para outra ocasião considerações sobre a fiabilidade dos relatos bíblicos, tomemos para reflexão o Êxodo. Durante a famosa travessia do deserto, os Hebreus resvalavam constantemente para a crise de fé.

Tinham festejado a fuga do Egipto, onde viviam na condição de escravos, e ansiavam pelo regresso à Pátria e à liberdade. Mas as dificuldades do caminho faziam-nos desanimar. Os sinais divinos multiplicavam-se, em tempos de escassez abundavam as perdizes e o famoso maná, Moisés e Aarão eram competentes e incansáveis no comando, mas nem assim as mentes acomodadas à segurança do cativeiro abraçavam com entusiasmo a promessa de uma vida melhor.

Imaginemos a multidão errante, oscilando entre o propósito de seguir a Lei de Javé, e os apelos do comodismo. Não poderemos deixar de ver analogia com a nossa condição de Espíritos que atravessam o deserto da vida terrena.

Também nós, como os antigos Hebreus, balançamos entre a tentação do egoísmo que pauta o comportamento dos Espíritos ainda rudes, e o entusiasmo pelos desafios da Espiritualidade. Apostados em cultivar virtudes, deixamos que os defeitos de que ainda padecemos muitas vezes falem mais alto.

E quando a Divina Providência nos faz colher o que o nosso egoísmo semeou, também nós, como os Hebreus no deserto, clamamos que Deus não é justo e nos abandonou.

O caminho para a Terra Prometida de Moisés, ou para o Reino de Deus anunciado por Jesus de Nazaré, não é isento de dificuldades. Mas é nosso destino e nossa natureza fazê-lo. As saudades do cativeiro das imperfeições e dos vícios só nos demoram.

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